segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Brincadeiras Seguras




Quem nunca ouviu a história de uma criança que foi parar no hospital por ter engolido a peça de um jogo de montar ou por ter se cortado com a aresta de um brinquedo? Confira como mais de uma centena de testes está mudando esse quadro e quais cuidados devem ser tomados na hora da compra.
Segurança é fundamental em qualquer circunstância. Mas quando se trata de brinquedos, especialmente para bebês entre 0 e 18 meses, o assunto é ainda mais delicado. Obrigatória desde 1992, a Certificação de Conformidade nos brinquedos comercializados no Brasil tem feito com que os fabricantes nacionais pouco a pouco se conscientizem da importância de cumprir as normas técnicas. Para o consumidor, isso é identificado através do selo do INMETRO, Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial.
Segundo Osvaldo Kinochita, gerente do laboratório de brinquedos da L.A. Falcão Bauer, credenciado pelo INMETRO para realizar os testes, poucos brinquedos não são aprovados na bateria de ensaios. E teste é o que não falta: são quase cem para cada brinquedo, que verificam desde a toxidade até a resistência a choques, quedas, torções e muito mais. Afinal, crianças adoram jogar carrinhos no chão, morder bichinhos de plásticos e desmontar bonecas.
Embora o relatório seja válido por 2 anos, há uma manutenção anual para averiguar se houve alguma alteração no brinquedo, o que, na prática, equivale a uma nova bateria de testes. "Quando o fabricante tem alguma dúvida a respeito de um item, faz um pré-teste. Hoje, ele procura fazer tudo em conformidade com as normas vigentes", afirma Kinochita. 


Padrão internacional
Pode causar surpresa, mas em alguns itens, o Brasil é mais exigente do que os Estados Unidos e Europa. As normas americanas e européias possuem um nível de exigência menor para os brinquedos de vinil e os sonoros.
Quando o brinquedo é estrangeiro, para que ocorra a certificação - sem a qual não se obtém a Licença de Importação - é necessária a apresentação de um relatório de ensaio do país de origem ou de amostras para a realização de testes
Esse relatório é elaborado por um laboratório no Exterior reconhecido pelo INMETRO, demonstrando que o brinquedo está de acordo com a norma americana ou européia. Esse é um procedimento corriqueiro. Mas se o brinquedo for de vinil ou emitir sons, o relatório estrangeiro não basta. Ele deverá ser submetido a teste adicionais no Brasil antes de receber a Certificação.
E não é só. Caso haja uma amostra do brinquedo, a embalagem também é analisada. Ela deve estar de acordo com o artigo 31 do Código de Defesa do Consumidor, segundo o qual as embalagens devem ser nacionalizadas, com todas as instruções em português e o fornecedor ou responsável pelo produto claramente identificado.
Os brinquedos que cruzam ilegalmente a fronteira, encontrados no mercado informal, normalmente não possuem o selo do INMETRO. Quando há uma denúncia, o comerciante recebe a chamada Autuação Cautelar, que lhe dá um determinado tempo para tomar as providências necessárias para obter a Certificação.
Vocês já conhecem o processo de "selagem" de um brinquedo antes de chegar às mãos do seu filho, o que garante a sua segurança. Mesmo assim, nunca é demais saber quais são as recomendações e proibições quanto a cada tipo de brinquedo, dos aquáticos aos sonoros, dos mordedores aos móbiles e às bonecas de pano. Confira a seguir.


Um dos campeões de bilheteria, os bichinhos de pelúcia devem ter o enchimento não-granulado e isento de impurezas. Fibra sintética ou fibra de algodão são os melhores, pois mesmo que o bichinho descosture ou rasgue e a criança coma o recheio, não há maiores consequências. De qualquer forma, as costuras devem ser firmes o suficiente para não abrirem à toa. É importante também que o brinquedo não solte pêlos e que os olhos, o nariz e a boca estejam muito bem travados.
Se o bichinho emitir algum som, o compartimento das pilhas deve ter uma trava segura. Outra possibilidade é que ele só possa ser aberto por um adulto com o auxilio de um acessório. O perigo, neste caso, reside na possibilidade de que a criança coloque a pilha na boca, pois ela contém elementos altamente tóxicos.


Os chamados brinquedos educativos, como blocos de montar, não estão livres do controle de segurança. Até os 3 anos, a maior preocupação é quanto ao tamanho das peças. Nenhum componente pode ser menor do que o chamado "cilindro reto truncado", um objeto que simula a garanta de uma criança nessa faixa etária. O diâmetro não pode ser inferior a 31,75mm e o comprimento 25,4mm do lado menor e 57,15mm do maior. Também são realizados ensaios mecânicos para verificar a resistência à tração, torção, mordida, impacto, etc. O essencial é que o brinquedo não se desfaça nem solte lascas ou produza arestas que possam ferir. O terceiro ponto é a toxicologia: elementos como chumbo, cromo e mercúrio são tóxicos e seus teores não podem ultrapassar o máximo previsto pela norma.


Quando o assunto são mordedores ou massageadores de gengiva, se forem à base de PVC (vinil), há um teste especifico que mede o teor de D.E.P.H.; um plastificante utilizado amolecer o PVC. Essa concentração jamais pode ultrapassar os 3%, pois se trata de uma substância cancerígena. Além disso, o mordedor é submetido aos demais testes rotineiros de toxicologia. 


Nos móbiles, a preocupação especial fica por conta do cordão que o amarra no berço. Seu comprimento não deve ser superior a 30 centímetros para que o bebê não se amarre no mesmo. Embora não obrigatório, é aconselhável que a fabricante instrua os pais a retirarem o móbile do berço quando a criança completar 5 meses. A partir dessa idade, o bebê começa a ensaiar posturas mais eretas, podendo alcançar o móbile.


Quanto aos brinquedos sonoros, é medida a emissão de som, que deve estar dentro de padrões aceitáveis. Isso significa o limite de 85 decibéis para ruídos constantes (que duram mais de um segundo) e 100 decibéis para ruídos instantâneos. Brinquedos com som acima desses índices são reprovados.


Brinquedos infláveis, como bexigas, são submetidos testes de toxicologia e de abuso mecânico previsível com crianças por perto.
Quanto aos brinquedos aquáticos - aqueles que suportam 1,5 kg sem afundar, se forem de vinil, necessitam passar pelo ensaio de D.E.H.P. 


Os famosos (e aparentemente inocentes) patinhos de plástico, que passeiam pela banheira enquanto o bebê toma banho, merecem muita atenção. Eles passam por rigorosos testes quanto à toxicologia, pois são muito convidativos para serem colocados na boca. Por isso, é preciso ter certeza de que não soltam nenhuma substância tóxica na boca do pequeno.
Livros de pano também são analisados. Se forem grandes a ponto de a criança se deitar sobre os mesmos, é necessário que o tecido seja permeável, poroso o suficiente para a criança respirar mesmo se o fechar sobre ela.


A utilização de fantoches deve sempre ser acompanhada por um adulto. Por exemplo, os fantoches de dedo são peças pequenas, facilmente engolidas. Se for o caso de fantoches de tecido, o mesmo deve ser suficientemente poroso para evitar asfixia caso seja engolido.


Bonecas de pano e outros brinquedos recheados, além de seguirem as mesmas normas dos bichinhos de pelúcia, ainda devem ser examinados quanto à sua inflamabilidade. Isso porque fios de lã em cabelos de bonecas, por exemplo, são altamente inflamáveis. O fabricante evita problemas utilizando um anti-chamas atóxico.


Quanto aos materiais com que são confeccionados os brinquedos, além dos de PVC, os de madeira passam por um teste especial, para averiguar a presença do pentaclorofenol, um fungicida extremamente tóxico. Se for de plástico rígido, o objetivo é detectar a presença de metais pesados de acordo com a cor do material. Quer dizer: se um brinquedo possui várias partes de cores diversas, são realizados tantos testes quanto sejam as cores. A presença de metais pesados também é verificada em papéis, instrumentos gráficos (lápis, crayon, giz) e PVC.
Em massas de modelar, há ensaios biológicos para checar uma eventual toxidade. Por fim, na maquilagem para bonecas, pesquisa-se a sensibilização da mucosa oral, a irritabilidade e a eventual presença de metais pesados. A tinta que recobre qualquer brinquedo deve ser totalmente atóxica.


Quanto às formas, há duas reconhecidamente perigosas e proibidas: as arestas cortantes e as pontas agudas.


 

Os três princípios da segurança
Antes de assinar o cheque e levar para casa um lindo urso de pelúcia ou o móbile superoriginal, papais e mamães preocupados com a segurança de seus pequenos devem atentar para os seguintes itens:
1. Exija o selo de certificação de segurança do INMETRO.

2. Verifique a faixa etária para a qual o brinquedo se destina.

3. Leia cuidadosamente todas as instruções de uso contidas na embalagem, especialmente as advertências.